15 novembro, 2014

Baobás

Existe uma árvore com o nome de baobá, ela cresce como erva daninha e quando você vê já tomou o seu planeta inteiro. Não foi o Google que disse, foi o pequeno príncipe e ele acompanhou um homem no deserto fazendo-o acreditar que a vida era boa o suficiente para ser mantida. Eu não tenho nem coragem de duvidar dele.

Alguns sentimentos são exatamente como baobás. São uma semente, depois de dias, uma mudinha e se você não cuida, de repente já tomou a sua sala, sua cozinha, seu trabalho, seu planeta.

As coisas precisam ser bem digeridas. Se você coloca uma comida, qualquer uma, na boca e engole sem mastigar, não há eno que cure. Um baobá precisa ser cortado quando ainda é uma muda, se não depois, já era. Lá se foi mais um planeta.

As pessoas sofrem justamente porque não fazem a limpeza diária da vida. Um sentimento ruim surge e ao invés de ser questionado, investigado, a pessoa aprende a conviver com os galhos dele que invadem a janela. Não pode. Algumas perguntas precisam ser feitas: o que eu sinto? Por que eu sinto? É minha culpa? Eu tinha outra escolha? Eu dei meu melhor? O que posso fazer para amenizar as ervas daninhas? Será que devo cuidar de algumas rosas? Uma redoma de vidro? Ou um para vento? Devo matar todas as larvas de uma só vez? Ou preciso conhecer as borboletas? Eu sei conviver com a cor do trigo?

Existe um infinito de coisas guardadas no coração de cada um. É terra que ninguém pisa. Só o dono entra. Se o dono não cuida... Não tem a possibilidade de uma babá ou faxineira. Se o dono não faz a limpeza diária, ninguém mais pode fazer. E lá se vai uma pessoa feliz, sorridente, que ama e se preocupa com os outros. O coração já virou floresta, cheinho de baobá. Não tem mais nenhuma rosa, nenhuma raposa e nem há lembranças sobre a cor do trigo.

Eu jurei um dia que jamais escreveria sobre como as pessoas devem agir, não sou psicóloga, não escrevo livro de auto ajuda. Eu só amo as pessoas. E conheço o pequeno príncipe. Não tem como deixar passar. Desculpe. Eu vou sempre colocar uma redoma, cuidar da rosa e voltar. A raposa me ensinou. E não é educado ignorar conselhos, ainda mais de uma raposa que fala.

E para as pessoas que amo, tenho um conselho: cuide da rosa, se preocupe com os baobás, ignore a serpente, ouça a raposa, lembre da cor do trigo e deixe as estrelas te fazerem sorrir. O príncipe pequeno se foi no meio do deserto, depois de ensinar um homem grande que a vida valia a pena. Existe grandeza maior que essa? Não sei você, mas eu, adoraria ser feliz como ele.

A vida requer cuidar cuidado, as rosas vão sempre superar os baobás, a gente só tem que acordar mais cedo e olhar em volta. Vale a pena. Eu prometo. Se tiver dúvida, pergunte ao principezinho, ele sabe muito sobre rosas e ainda mais sobre baobás.


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